segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pequena Biografia de Marguerite Yourcenar

Marguerite
Yourcenar
(1903-1987)

Poeta, tradutora, ensaísta, historiadora, crítica e romancista, Marguerite Yourcenar
ocupa um lugar à parte na literatura contemporânea com a imagem que nos fica do seu
itinerário pessoal de " filha sem mãe, mulher sem filho e amante sem homem".
Orfã de mãe à nascença, em 1903, Marguerite de Crayencour é educada por um pai que
será, simultaneamente, um confidente e um amigo. Em 1921, ele próprio financia a
edição de autor de
Marguerite tinha escrito dois anos antes, quando era apenas uma jovem de dezasseis
anos. Por brincadeira, ela cria
partir de 1947, o seu nome legal nos E.U.A.
Marguerite publica o seu primeiro romance,
1929, o ano da morte do seu pai. Os sucessos virão mais tarde: 1951 com
de Adriano
A sua obra evoca a história e a mitologia e os seus heróis, de Alexis a Adriano, de Wang
Fo, o velho pintor
são essencialmente masculinos. Como ela, eles são humanistas e frequentemente
animados por uma grande exigência. É Zenon que lança esta fórmula : " O único horror,
é o de não servir.”
Marguerite Yourcenar é, em 1980, a primeira mulher eleita na Academia Francesa.
Le Jardin des Chimères, a primeira recolha de textos que a sua filhaYourcenar, o anagrama de Crayencour que se tornará, aAlexis ou le traité du vain combat, emAs Memóriase 1968, o ano de Obra ao Negro.dos Contos Orientais a Zenon, o médico-filósofo da Obra ao Negro,

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Almada e "Antes de começar"

http://www.iplb.pt/pls/diplb/!get_page?pageid=401&tpcontent=FBD&idaut=1425450&idobra=2369050&format=NP405&lang=PT

Antes de começar - Sinopses

Algures no teatro do mundo, há um boneco e uma boneca que se mexem como as pessoas. O boneco não sabe que a boneca se mexe como as pessoas e a boneca não sabe que o boneco se mexe como as pessoas. As pessoas não sabem que o boneco e a boneca se mexem como elas. Antes de Começar é uma conversa entre o boneco e a boneca, quando descobrem que se mexem e falam como as pessoas.Almada Negreiros, único grande dramaturgo português do séc. XX, construiu uma fábula comovente e simples: não são animais que falam, são dois seres que, criados por humanos, se animam na ausência dos humanos. Fantoches? Marionetas? Boneco e boneca, soprados de vida, vêem o mundo das pessoas; o mundo das pessoas grandes e o mundo das pessoas pequeninas porque "as pessoas antes de serem grandes começam por ser pequeninas!". O boneco revela as poucas certezas do pequeno mundo que conhece; a boneca conta o que lhe aconteceu e que é tudo o que sabe. Ambos aprendem que o coração, ao invés da cabeça, sabe sempre o que quer.Fantoches? Marionetas? Talvez. Mas%u2026silêncio, por favor. Porque a peça antes da peça vai agora começar...
Companhia Teatral do Chiado
Antes de começar, discute, de forma poética e simples a história de todos nós… O início… A descoberta do eu… A descoberta do sentido da vida… De como podemos ser manipulados… pelo coração… O verdadeiro AMOR…A obra tem como protagonistas uma Boneca e um Boneco que descobrem, que o outro também pode mover-se e falar. Neste momento, passam a ter um diálogoaparentemente ingénuo, mas com forte densidade filosófica e simbólica, quepossibilita o seu auto conhecimento e, consequentemente, a identificação dos dois personagens que aos poucos se vão percebendo como Um.
Profª Tânia de Brito

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Quase infantil...

A Noite Rimada

Pela serra ao luar
ia um menino sozinho
sem sono pra se deitar.

Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.

Ia o menino a pensar
que há tanto por pensar
e a cidade a descansar.

Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.

Quem dorme sem ter pensado
deve ter sono emprestado
não é sono bem ganhado.

Ia o menino a pensar
como poder arranjar
muita força pra pensar.

Ia o menino a arranjar
muita força pra pensar
o próprio sonho ganhar


OBRAS COMPLETAS

Da "Invenção do dia claro"

A Flor


Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção , outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

A INVENÇÃO DO DIA CLARO, LIRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, LISBOA, P. 95

da "Invenção do dia claro"


Mãe Vem Ouvir

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me ao teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero Ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

A INVENÇÃO DO DIA CLARO, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, LISBOA, P. 95